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BRASIL NOS ANOS 20: SEMANA DE ARTE MODERNA

CONTEXTO DA SEMANA DE ARTE

A semana de arte moderna ocorreu entre os dias 13 à 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo e se tratou de uma grande manifestação artística e cultural. Houve danças, apresentações, esculturas, pinturas, poesias, e palestras. Os artistas que participaram convergiam em uma visão diferentes de tudo que já havia sido produzido até aquele momento. Incentivados pelas vanguardas europeias, buscavam uma renovação social e artística a nível Nacional.

OCORRIDOS DA SEMANA DE 22

Manuel Bandeira
O evento chocou bastante a população e entre as características gerais da semana de 22 estavam:

Ruptura com o tradicionalismo
Critica ao modelo parnesiano
Valorização da identidade e cultura brasileira
Liberdade de expressão
Ausência de formalismo

Grande parte dos artistas presentes eram descentes da oligarquia paulista, isso facilitou o evento pois houve apoio do presidente Paulista Washington Luís. Artistas que pudiam viajar de um país para o outro, retornaram da Europa, com uma bagagem cultural, assim foi formado o movimento modernista no Brasil.

O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha: "A emoção estética da Arte Moderna". Seguido de músicas e exposições. Foi um dia calmo e havia muitas pessoas no teatro. No segundo dia, houve uma palestra do escritor e artista plástico, Menotti del Picchia e também um musical, logo após Ronald de Carvalho, fez a leitura do poema de Manuel Dias, "Os sapos" pois Dias estava em uma crise de tuberculose. Este poema possuía severas críticas a poesia parnasiana, que rendeu insultos e relinchos para o Ronald. A seguir o polêmico poema:


Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado.

Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.

O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma.

Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é

Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio...


Interpletando o poema, observar que o sapo-tanoeiro representa o poeta parnasiano, que põe as regras para compor. Enquanto o sapo-cururu representa o poeta modernista sedento por liberdade que reivindica a simplicidade e o uso da linguagem do cotidiano. Como desfecho o poema afirma que o estilo de poesia parnasiano estava ultrapassada.

Artistas modernos
Alguns dos artistas que participaram do evento, com seus anos de nascimento falecimento, respectivamente:

Anita Malfatti (1889-1964)
Menotti Del Picchia (1892-1988)
Ronald de Carvalho (1893-1935)
Guilherme de Almeida (1890-1969)
Sérgio Milliet (1898-1966)
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Tácito de Almeida (1889-1940)
Di Cavalcanti (1897- 1976)
Guiomar Novaes (1894-1979)


CONCLUSÃO

Cartazes da Semana de Arte Moderna
A crítica à semana de arte foi intensa, as pessoas ficaram desconfortáveis com as exposições e não conseguiram compreender a nova proposta de arte. Cada dia que passava os teatros ficavam mais vazios e as retaliações aumentavam. Populares comparavam os artistas à doentes mentais e loucos, particularmente Monteiro Lobato atacou severamemte aos artistas através de um artigo. Entretanto após o fim da semana de 22, foram criadas várias revistas, movimentos e manifestos. Artistas de diversos locais passaram a se reunir para continua a propagar o modernismo pelo país.

A Semana de Arte Moderna deu intensa experiência estética e intelectual tanto aos espectadores quanto aos artistas, tornando-se um marco valioso na história cultural brasileira. Hoje em dia, a Semana de Arte Moderna ainda é um evento semanal – embora com um escopo menor. Em qualquer domingo, galerias de arte de São Paulo abrem suas portas ao público gratuitamente para o 'MAM' (Museu de Arte Moderna). O MAM de hoje mantém esses valores vivos: promove a arte contemporânea com forte foco nos artistas brasileiros.

BRASIL NOS ANOS 20: TENENTISMO

TENENTISMO

Coluna Prestes no Rio Grande do Norte
O mundo havia acabado de completar a Primeira Guerra Mundial, e era fundamental que todos os países fortalecessem suas forças militares depois. No entanto, os militares brasileiros estavam em uma grande crise durante esse período, pois o governo não forneceu fundos para necessidades militares básicas, como munições, cavalos, medicamentos e salários não pagos. Outro agravante foi a demora na promoção das trocas de patentes, o que significava que os inquilinos poderiam ficar presos no mesmo emprego por anos.

Durante os anos de 1920 a 1930, o tenentismo foi um movimento militar no Brasil com uma agenda política. O movimento tem esse nome, pois a maioria de seus membros possui patente de arrendamento. Os líderes militares acabaram perdendo seu poder dentro do sistema político, que se estabeleceu nos primeiros anos da República com o presidente Deodoro da Fonseca, que era o marechal – o oficial mais graduado dos militares.

Durante a República Velha no Brasil, os estados de São Paulo e Minas Gerais governaram o país usando a política do "café com leite", na qual os presidentes eram eleitos de acordo com um acordo assinado pelos dois estados, com os presidentes alternando entre os dois estados , ora paulista, ora mineiro. Os presidentes eleitos, como o resto da classe política, eram civis.

MOVIMENTOS SOCIAIS

O objetivo do tenentismo era recuperar o poder que havia sido perdido para a República Velha, bem como implementar outras propostas políticas, como o voto secreto, a abolição da corrupção, um Estado mais forte, reforma educacional e independência judicial, entre outras. Os civis abraçaram o tenentismo à medida que ele cresceu em popularidade, dando legitimidade às ideias tenentistas.

Trajeto da Coluna Prestes
Atos como protestos e a implementação das reformas planejadas foram realizados para dar cumprimento aos planos dos inquilinos. A Revolta 18 do Forte de Copacabana (1922), a Comuna de Manaus (1924), a Revoluço de 1924 e a Coluna Prestes foram todas ações tomadas contra o atual governo (1925-1927).

Em 1929, a República Velha decidiu não eleger um presidente mineiro — o que era legal na época —, mas surgiu a proposta de eleger um presidente paulista, com a justificativa do crash da bolsa de 1929, que teve efeitos devastadores sobre a economia cafeeira, com São Paulo sendo o mais atingido. Com isso, um presidente paulista seria preferível, mas o estado de Minas Gerais se recusa a aceitar tal concessão e está em desacordo com São Paulo. Minas Gerais forma a Aliança Liberal com o apoio de outros estados, principalmente do sul do país. Como resultado, os tenentistas apoiam e se unem à Aliança Liberal em 1929 com o objetivo de derrubar o regime.

CONCLUSÃO

No ano seguinte, o tenentismo foi fundamental para garantir o sucesso da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas. Vargas sabe recompensar seus aliados, por isso indica alguns inquilinos para cargos políticos em vários estados brasileiros. O tenentismo ficou evidente durante o governo Vargas. Alguns dos inquilinos que participaram da Revolução de 1930, como Ernesto Geisel, Castelo Branco e Médici, estiveram presentes durante o golpe militar de 1964.

REFERÊNCIAS

Brown University Library. 5.3 Semana de Arte Moderna e a Ascensão do Modernismo Brasileiro. Disponível em: < https://library.brown.edu/create/fivecenturiesofchange/chapters/chapter-5/modern-art-week-and-the-rise-of-brazilian-modernism/>. Acesso em: 27 de Março de 2022.

HAWKSLEY, Lucinda; BBC; 2014; 1922: O ano que mudou a arte brasileira; Disponível em: < https://www.bbc.com/culture/article/20140710-a-year-that-changed-brazilian-art>. Acesso em: 27 de Março de 2022.

AIDAR, Laura. Toda Matéria. Semana de Arte Moderna. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/semana-de-arte-moderna/>. Acesso em: 27 de Março de 2022.

FUKS, Rebeca. Cultura Genial. Poema Os sapos de Manoel Bandeira: análise completa da obra. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/poema-os-sapos-manuel-bandeira/>. Acesso em: 27 de Março de 2022.

Imagens:
Imagem da Capa

Artistas modernos

Manuel Bandeira

Cartaz da Semana de Arte Moderna

Trajeto da Coluna Prestes

Coluna Prestes no Rio Grande do Norte